Me desculpem pelos palavrões, mas Mario Bava é um diretor foda para caralho! Lisa e il Diavolo é a obra prima do diretor italiano. Quando eu estava passando um tempo, no site Deadly Movies, vendo algum filme para baixar, eis que me surge Lisa e il Diavolo. No começo, eu não dei muito importância, mas depois que eu decidi ver o trailer do filme, me apaixonei pela música composta por Carlo Savina, que é maravilhosa, e a trilha sonora dos filmes do Sr. Bava são uma das coisas que eu mais amo, além das atuações e os close-ups que Sr. Bava fazia.
Até hoje, eu pensava que Sei Donne per L'Assassino, de 1964, era o seu melhor filme, mas francamente, o Sr. Bava se superou nesse filme.
Lisa e il Diavolo é o cúmulo de sua genialidade e, além de ser o seu melhor filme é o mais complexo. Nele, Lisa Reiner, interpretada divinamente pela bela Elke Sommer, se perde de sua amiga (Kathy Leone), numa cidade na Espanha, e conhece um estranho homem que tinha a exata aparência de um afresco que viu, que era do diabo carregando pessoas. Lisa, perdida pela cidade, consegue encontrar alguém que consegue lhe oferecer ajuda, que foi um casal de aristocráticos. Ela, Sophia Lehar (Sylva Koscina) tem um caso com o chauffeur, George (Gabriele Trinti), e o marido, Francis Lehar (Eduardo Fanjardo), se finge de desentendido. Quando o carro quebra, na frente da casa da Condessa (Alida Valli), eles conhecem o mordomo, Leandro (Telly Salavalas), que Lisa logo reconhece como a imagem do diabo. Lá, eles conhecem o filho da condessa Max (Alessio Orano). Logo, na mente de Lisa, o passado e o presente se juntam, misturando também à receita o giallo. Isso desencadeia uma série de eventos que vão mexendo com a sanidade de cada um dos personagens.
Sinceramente, demorou muito tempo para eu ver Lisa e il Diavolo, porque eu só tinha visto as curiosidades e a sinopse, nem o elenco me dei o luxo de ler, e, pelo fato também de achar que a carreira do diretor estar se decaindo nos anos 1970 nem mesmo ter visto um filme dele na época e, depois de ver Reazione a Catena, de 1971, eu dei uma olhada de novo no Deadly Movies e, além de ver o elenco eu vi o trailer. Primeiramente, quando eu li o nome Alida Valli, eu fui logo no piratebay e baixei o filme. Eu simplesmente AMO Alida Valli! E nesse filme ela estava perfeita e divina! Se bem que Bette Davis era a cogitada para viver a Condessa também ficaria ótima com o papel, mas Alida Valli foi melhor, em todos os sentidos. O Sr. Bava também cria uma personagem chave, Elena, que é o núcleo de toda a história do filme, que é a noiva de Max, mas que tem um caso com o marido da Condessa, Carlo (Espartaco Santoni). E quando eu vi, eu aplaudi esse filme, com um final surpreendente.
SPOILER: A partir daqui, o parágrafo contém MUITOS spoilers, e, se você não viu o filme, pule este parágrafo. Já se você viu, desfrute do confuso desfecho de Lisa e il Diavolo.
Como citei no penúltimo parágrafo, além de Lisa e il Diavolo ser o seu melhor filme, é o mais confuso e complexo. Vários porquês vão se desenvolvendo com o decorrer da película, e, colhendo informações da postagem que o 101 Horror Movies fez sobre o filme, finalmente dando respostas sobre os meus porquês e também colhendo informações no livro The Haunted World of Mario Bava de Troy Howart. Bom, agora sim eu vou falar que Lisa e Elena eram a mesma pessoa e que, na verdade, desde o começo da película, Lisa/Elena, estava morta! Isso mesmo MORTA! A protagonista estava morta! morta! morta! e morta! Se tornando apenas mais uma das marionetes do diabo, sendo forçada a reviver o pesadelo de sua vida mortal no qual era Elena, se tornando apenas uma marionete de tamanho real sendo conduzida por Leandrou, ou Diabo, pela suas linhas que eram amarradas aos seus pauzinhos, ou braços e pernas.
E, na última cena, quando Lisa finalmente consegue fugir daquele inferno, ou purgatório, e toma um avião para finalmente se sentir livre do pesadelo infernal que "viveu" em uma noite, mas, quando se vê num avião vazio e, a procura de alguém, se depara com os cadáveres de todos os integrantes do pesadelo passado por ela, tenta fugir até a cabine do piloto, que se descobre que é Leandro, ou melhor, o Diabo, que chupa o seu pirulito contente, enquanto Lisa vira de novo Elena e depois uma carcaça de um cadáver, e, forcando de novo a reviver aquele maldito inferno eternamente, pagando os seus pegados por uma família que um dia fez ela infeliz, e se destruir pouco a pouco.
Um filme fodástico, não? Pois é, quando o filme fora exibido pela primeira vez no Festival de Cannes em 1973 na França, os prdutores axaram o filme confuso e complexo demais, se tornando impossível de ser vendido comercialmente, principalmente nos Estados Unidos. Então, o que tiveram que fazer? O que vocês acham? Se você ainda nunca viu um só filme de Mario Bava, você não é digno de ler esse post, a não ser a minha mãe, ou algum dos meus amigos (brincadeira), tiveram que cortar ele e refilmá-lo de novo! Isso mesmo! Eu tô quase invocando o próprio Diabo para meter chumbo nas pessoas que falaram aquilo, sendo que quase todo mundo deve está, provavelmente morto! Fizeram uma merda (desculpe pelo palavrão), uma bela merda completa (me desculpe de novo pelo palavrão). Forcado por Leone, Sr. Bava teve que refazer algumas cenas que tornou o filme uma coisa que não é, e o re-titulou de La Casa Dell'Exorcismo, tentando pegar carona com o sucesso internacional de The Exorcist de William Friedkin. Mas, Sr. Bava, se recusando de fazer qualquer cena de blasfêmia, o próprio Sergio Leone, o produtor do filme, se encarregou de re-dirigir a cenas. Olha que eu mesmo já vi o filme e, ó, não tenho palavras para descrever o monte de cocô que eu acabei de ver há umas duas horas e meia atrás, porque ó, o filme é... como eu posso dizer... um aborto do cinema, e, tornou a obra prima do diretor como o pior plágio de The Exorcist já feito.
Sendo lançado sob o pseudônimo de La Casa Dell'Exorcismo até 1977 (pelo menos eu acho), no Canadá, só em 1982, o filme foi re-lançado em diversos países e virou sucesso, tanto de crítica, quanto de bilheteria, o tornando um sucesso instantâneo. Pena que Mario Bava não estava vivo para ouvir as tão desejadas críticas positivas que ele tanto esperava de sua obra prima.
Nota: 9,8
Ficha técnica:
Elenco: Telly Salavas; Elke Sommer; Sylva Koscina (creditada como Silva Kosnica); Alessio Orano; Gabriele Tinti; Kathy Leone; Eduardo Fajardo; Franz von Treuberg; e com Espartaco Santoni; Convidada Especial: Alida Valli/ Roteiro: Mario Bava e Alfredo Leone/ Música de: Carlo Savina/ Produzido por: Alfredo Leone/ Dirigido por: Mario Bava.