sábado, 5 de setembro de 2015

Il Gatto a Nove Code (Dario Argento, 1971)

  Il Gatto a Nove Code (em português O gato de nove caudas) é o segundo filme dirigido por Dario Argento e uma bela continuação para o filme anterior do diretor: L'uccello dalle piume di Cristallo. Olha, eu vou ser direto e não bancar aquele que acha que o original é sempre superior: NA MINHA OPINIÃO esse aqui é superior a L'uccello, pronto falei.

  Após o enorme nacional e internacional sucesso de L'uccello, não excitaram em produzir outro filme da trilogia e é óbvio que lançaram esse daqui fazendo uma enorme propaganda do filme fazendo com que ele tivesse o mesmo sucesso do anterior, e teve. E também não é por menos. Tudo, menos o roteiro um tanto mirabolante, é melhor do que o antecessor. A câmera de Argento é sempre usada em primeira pessoa, a fotografia dele é muito boa e o filme goza de boas atuações nem tanto teatrais, além de quebrar alguns paradigmas do giallo que o diretor consolidou no seu primeiro filme, além de um bom final, ótimas e sufocantes sequências e um motivo do(a) assassino(a) e ninguém conseguiria adivinhar.


  O roteiro, partido de uma estória de Argento, Luigi Collo e Dardano Saccheti (aqui como a sua primeira experiência no cinema e conhecido mais pelas bombas que fez nos anos 1980) e escrito pelo próprio Argento e Bryan Edgar Wallace (não creditado) é sobre um cego, Franco Arnò (Karl Malden) e um jornalista, Carlo Giordani (James Franciscus) decidem investigar as misteriosas mortes, todas relacionadas a pesquisas feitas de um negócio que eu esqueci o nome, YXX em uma indústria farmacêutica, porém eles se tornam alvos do inescrupuloso assassino. O roteiro é muito bom, porém não é brilhante, apenas muito bom e inteligente. Não é brilhante por causa de alguns fatores, como o romance de Giordani e Anna Terzi (Catherine Spaak) a filha do dono da farmacêutica, além de uma cena de sexo estranha e que te faz ter vontade de rir e alguns clichês como o de o assassino estar sempre a um passo a frente dos "detetives". Pelo menos as cenas comédias aqui não são tão evidentes e nem tão pastelões. Tirando esses fatores, o roteiro te envolve profundamente, te fazendo querer saber quem é logo o assassino e fazendo com que as uma hora e cinquenta e um minutos de duração valham a pena.

  A fotografia de Erico Menczer é simplesmente divina. A luz noir e uma explosão de cores são ótimas, a caracterização do apartamento dos personagens e as cenas noturnas são lindas e de causar inveja a qualquer um. Adorei. Linda e brilhante (ou será escura?).

  Como em qualquer filme de Argento no início de carreira, a direção aqui é bem melhor do que a do seu filme anterior. A câmera usada como a visão do assassino é muito boa, passando a câmera de mão para a de travellings. Aqui, Argento abusa dos travellings*, e a câmera de mão só é usada como o ponto de vista do nosso assassino, e com a câmera as cenas são lindas e com ótimas sequências como a sufocante da de quando (SPOILER**) Arnò e Giordani vão até o cemitério para procurarem uma prova importante na tumba de Bianca Merusi (Rada Rassimov) esposa do primeiro assassinado e lá Arnò é atacado pelo assassino, ou a cena da morte de Bianca. É muito boa, uma das melhores cenas de assassinato que eu já assisti, já que ela tenta de tudo para tirar a corda do seu pescoço mas não consegue (fim do SPOILER). Por fim, a direção é muito boa mas não a melhor da sua carreira.

  Essa com certeza não é a das melhores trilhas de Ennio Morriconne, mas pelo menos é eficiente nas cenas, como na cena de assassinato de um fotógrafo que nem percebeu a mão do assassino no negativo. E é bem eficiente também na já citada cena do cemitério, tornando a angústia do espectador maior ainda. Por final, é bem boa mas não a das melhores do músico.

  As atuações desse são dignas de serem chamadas de ótimas. Franciscus é um bom ator e Malden, um já veterano também é muito bom. Eles juntos são uma dupla saborosa, que esbanjam ótimas atuações nas cenas de angústia, medo e desespero como a sequência final do filme. Cinzia de Caloris é uma ótima atriz mirim e atua muito bem mesmo não aparecendo tanto. Se esse filme fosse um noir, com certeza Spaak seria a femme fatale, ela atua bem mesmo que a sua personagem tenha uma certa irrelevância no filme.


  No geral, Il Gatto a Nove Code é um ótimo filme e, na minha opinião, um dos melhores filmes do diretor, que infelizmente não o considera tão bom assim. Goze (não literalmente) de um filme que vale muito a pena.
Nota: 8,9


Ficha Técnica:
título: Il gatto a nove code
produção: Salvatore Argento
direção: Dario Argento
roteiro: Dario Argento e Bryan Edgar Wallace (não creditado)
com: Karl Malden, Cinzia de Caloris, James Franciscus, Catherine Spaak, Pier Capolo Capponi
cinematografia: Erico Menczer
trilha sonora: Ennio Morriconne
duração:  32 min (versão Super-8 em duas partes) (versão alemã)
                90 min (1hr 30min) (cortado) (EUA)
              110 min (1hr 50min) (versão espanhola)
              112 min (1hr 52min) (versão americana)
              114 min (1hr 54min) (versão austríaca)
              115 min (1hr 55min) (versão argentina)
cor: cor (techinicolor)
maquiagem: Guiseppe Ferranti e Piero Mecacci
data de lançamento: 11 de fevereiro de 1971 (Itália)                
               

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