sábado, 29 de novembro de 2014

Lolita

Lolita, luz da minha vida, fogo da minha carne. Minha alma, meu pecado. Lo-li-ta: a ponta da língua toca em três pontos consecutivos do palato para encostar, ao três, nos dentes. Lo. Li. Ta. Pág. 11


A revista Vanity Fair disse que Lolita é a única história de amor convincente de nosso século, e eu concordo plenamente com ela. Lolita não é só a única história de amor convincente do nosso século, mas sim de todos os outros.
Se tem um livro que eu mais gosto que Murder on the Orient Express, pode apostar que é Lolita. Ah, Lolita. Como eu adoro falar esse nome. É como se fosse uma música que não sai da cabeça. Ela gruda na cabeça para não sair mais. É o único livro que eu senti prazer de ler.
O modo que Vladimir Nabokov (ou não seria Humbert Humbert?) escrever é uma aula de escrita muito bem dada. Ele se colocou na alma poética e amorosa de Humbert Humbert, e escreveu Lolita como se fosse o professor de literatura francesa. As vezes eu até chego a pensar que ele [Nabokov] já havia se apaixonado por alguma ninfeta.
No transcurso do momento ensolarado que meu olhar demorou coletado sobre a menina ajoelhada (seus olhos piscavam por cima dos austeros óculos escuros - a pequena Herr Doktor que iria curar-me de todas as dores) enquanto eu passava ao lado dela envergando o meu disfarce de adulto (um belo e alto exemplar de hombridade hollywoodianna), o vácuo da minha alma conseguiu de alguma forma capturar todos os detalhes de sua brilhante beleza, que cortejei por sua vez com os traços de minha prometida morta. Pág. 48
Lolita não é romance sobre um homem (não de meia idade como quase todos mundo fala) perverso, nojento e asqueroso, querendo abusar de uma menina inocente. Algumas vezes, Humbert mostra o seu lado mais nojento e asqueroso, mas que não são nada comprada as coisas que Lolita deixa que os meninos façam com ela. Nem Humbert e nem Lolita são inocentes e os mocinhos no livro. Nem chegam perto. Mas Lolita é um demônio. Aproveitando que Humbert é perdidamente apaixonado por ela, Lolita usa e o faz de bobo praticamente o livro inteiro. Faz o que quer, tem todas as coisas que quer, e faz muitas coisas com garotos, se é que você, meu caro leitor, me entende.
É como se Humbert fosse um boneco, e Lolita uma sedutora manipuladora. Ela o manipula para acreditarem tudo o que ela diz, e fazer o que ela quiser.
Lolita é um livro que deve ser ler com calma e cuidado, porque Nabokov [Humbert] viaja tipo que muito. Tem páginas que um parágrafo tem duas ou três parágrafos (um miserável parágrafo!), mas também, o livro foi escrito como se fosse uma biografia, ou uma auto-biografia.
Em particular eu tive (tenho) pena da mãe de Lolita. O único personagem que eu senti uma enorme pena. Ela só está no livro para ser uma mulher que tem que cuidar de uma pirralha miserável, que a atenta desde o primeiro ano de idade, só para ter um final trágico, que nem preciso falar como foi, pois se você não leu o livro e nem viu os dois filmes, mas tem uma mente atenta já deve saber que eu dei um spoiler sobre uma coisa importante que acontece.
E uma coisa que eu achei muito interessante, é que de última hora, um personagem importante e mais perverso e asqueroso do que os dois juntos, aparece, fazendo com que Humbert queira vingança pelo o que ele fez a Lolita. Por ter manipulado ela, que nem ela fez com Humbert., o que faz desse livro, o livro mais genial que eu já li.
Enfim, é isso. Se delicie lendo Lolita e admire e ame esse livro, mais do que eu amo ele, e cuidado ao se apaixonar por uma ninfeta. Sei lá. Vai que ela dá uma de Lolita e te manipula.
Essa é a única imortalidade que você e eu podemos compartilhar, minha Lolita. Pág. 360

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